Hoje é dia de São Tomás de Villanueva e de Santa Catarina de Alexandria. Apresentamos abaixo um relato da vida de Santa Catarina, extraído do blog dos Arautos do Evangelho "A Família Católica", e a narração de um fato extraordinário ocorrido na Idade Média, quando se reacendeu sua devoção com intensidade.
Santa Catarina de Alexandria nasceu de família nobre e estudou muito. Quando tinha apenas dezoito anos, se apresentou ao imperador romano Maximus, que fazia uma violenta perseguição aos cristãos sob acusação de culto a falsos deuses. Chocado com a audácia da jovem, mas incapaz de responder a seus argumentos, Maximus reuniu vários sábios com o objetivo de fazer Catarina abandonar sua fé. Mas ela sempre terminava vitoriosa os debates e graças a sua eloqüência chegou a converter ao cristianismo alguns de seus adversários, que foram sentenciados de morte. Furioso por estar sendo derrotado, Maximus prende Catarina. A imperatriz, curiosa por conhecer a jovem que desafiava seu marido, vai acompanhada de Porfírio, chefe das tropas, até a prisão. Catarina também os converte e eles são martirizados. Catarina é condenada à morte na roda de tortura, mas basta que ela encoste na roda para que ela se parta e mate vários pagão que assistiam. O imperador, enraivecido, ordena que ela seja decapitada. Depois de sua morte, anjos desceram dos céus e levaram seu corpo para o Monte Sinai, onde posteriormente se construiu uma igreja e um mosteiro em sua honra. Por ter vencido o debate com vários sábios, Santa Catarina de Alexandria foi declarada padroeira dos estudantes. O Monastério de Santa Catarina, no Monte Sinai é renomado e é um dos mais velhos da cristandade. O arquiteto começou a construir suas paredes em 542 DC. Séculos mais tarde, guiados por um sonho, os monges desse monastério encontraram um corpo de mulher que eles tomaram como sendo o de Santa Catarina, que milagrosamente teria sido levada da Alexandria para a Palestina por anjos. Nada é conhecido com certeza sobre ela a não ser que foi uma virgem martirizada na Alexandria sob o Imperador Maximinus Daza como relatado na Historia da Igreja (viii,c14) por Euzebius. Sua “Acta” que é considerada por muitos sem valor, diz que ela é filha do Rei Costos de Chipre, que foi chamada a Alexandria para ser conselheiro do Imperador Maximinus. Os filósofos estavam na moda na alta sociedade de Alexandria e Catarina era devotada aos estudos e ela tinha uma boa cultura antes de alcançar os 18 anos. Durante seus estudos ela aprendeu sobre Jesus Cristo. Catarina foi convertida por uma visão de Nossa Senhora e do Divino Infante. Quando o Imperador Maximinus começou sua perseguição aos cristãos, Catarina foi ao imperador e o censurou pela sua tirania. Não conseguindo contra argumentar com ela, ele chamou vários de seus filósofos para com ela confrontar. Após eles admitirem que estavam convencidos pelos seus argumentos, o imperador furioso sentenciou que ela fosse queimada. O imperador se ofereceu para casar-se com ela mas ela recusou porque Cristo já havia aparecido a ela pessoalmente e colocado um anel em seu dedo( como Santa Catarina de Senna). Por esta razão os cristãos gregos a chamam ‘AEkatharina” isto é ‘sempre pura”. Ela foi açoitada por soldados durante horas e depois presa enquanto o imperador partiu para inspecionar um campo. Sua cela ficou cheia de pombos e Cristo apareceu para ela em uma visão. Quando o imperador retornou, ele encontrou sua esposa Faustina e um oficial de nome Porphyrius, que haviam ido visitar Catarina por curiosidade, convertidos e outros 200 homens da guarda imperial também convertidos. Todos foram condenados a morte. Catarina foi sentenciada a ser morta na roda de navalhas conhecida com a Roda de Catarina. Quando ela foi colocada na mesma as algemas partiram-se e a roda quebrou e as navalhas saltaram para fora matando alguns dos espectadores. Finalmente ela decapitada mas de suas veias saíram leite em vez de sangue. A lenda diz que por muitos anos óleos continuaram saindo de seus ossos e este óleo era um santo remédio na medicina da época, curando muitos doentes . Em 527 o Imperador Justiniano construiu um monastério fortificado para os eremitas do Monte Sinai e o corpo de Catarina supostamente foi para lá levado no século 8°ou 9°. Desde então ele tem o seu nome. Ela é uma dos “santos ajudantes” que foram altamente venerados, tanto individualmente como um grupo, durante a Idade Media. Sant Joana dÁrc ouviu e seguiu fielmente a voz de Santa Catarina e de Santa Margareth. Talvez o Senhor deu Catarina a Joana para ajuda-la no debate com os famosos teólogos. A paixão de Catarina é a mesma de Joana, a qual conhecemos com detalhes. Joana é a Catarina dos tempos modernos. É uma mulher, uma santa, uma filósofa como Catarina e não é preciso ser a filha de um rei; da Virgem Maria e do Nosso Senhor é suficiente. Sem dúvida Catarina tinha a simplicidade de uma pastora, embora a filosofia e religião nunca são encontrados em perfeita harmonia. O que interessa é a fé pura e simples. Por causa dos argumentos com os filósofos ela é considerado a padroeira dos filósofos. Catarina é também a padroeira dos estudantes, dos livreiros, das jovens e dos fabricantes de rodas. Ela é padroeira das enfermeiras porque ao sangrar o seu sangue era leite. É ainda a padroeira dos fazedores de selas, de cordas, dos estudantes de teologia da Universidade de Paris, e dos pregadores. Seu emblema é uma roda com laminas. Ela é mostrada como uma virgem mártir, como uma jovem linda, segurando um livro ou a roda; as vezes é mostrada coroada pelos anjos e as vezes misticamente casando-se com o Divino Infante e visitando a Imperatriz Faustina na prisão; ou ainda com Cristo colocando um anel em seu dedo. Alguns historiadores e dizem que: "Enquanto ela pode bem ter sido uma senhora nobre, educada e virginal que confundiu os pagãos com sua retórica durante as perseguições, o crescimento da lenda, romance e poesia há muito enterrou a real Catarina".
O milagre que fez renascer a devoção à Santa Catarina
Quem conta o caso é Pedro de Ravena na obra "Gestas Notáveis", publicada na Idade Média.
O bispo de Milão, Dom Sabino, muito devoto de Santa Catarina, fez uma viagem à Terra Santa em companhia do Abade de Montecassino, Dom Teodoro. Acompanhavam-nos na viagem dois capelães, dois soldados e 15 fâmulos. Depois de visitar os lugares santos, resolverem ir até o Monte Sinai para venerar os restos mortais de Santa Catarina.
Mas logo tiveram desagradável surpresa: quando chegaram ao sopé do monte encontraram-se com ferocíssimo chefe de exército turco que, comandando vários soldados, voltava de uma visita que tinha feito a um sultão. Quando o capitão turco viu o grupo de cristãos, de quem era acérrimo inimigo, mandou suas tropas arremeterem contra eles, assassinando de imediato os criados, os dois soldados e dois capelães. Percebendo que o bispo e o abade tinham alguma representação mandou que os trouxesse à sua presença e disse:
- Agora eu mesmo farei com vocês dois o que já fizeram com os outros membros de seu séquito.
O bispo e o abade vendo-se já perdidos, mas tentando conseguir ainda algum ato de bondade do capitão turco, pedem-lhe que os deixe pelo menos subir até o monte e lá venerar as relíquias de Santa Catarina, para depois então consumar o que queria fazer com eles. Endiabrado, o turco disse-lhes que poderiam ir lá em cima, mas não da forma que queriam:
- Arrancai agora mesmo os dois olhos as línguas destes homens! - ordenou aos seus soldados.
Depois de arrancarem seus olhos e suas línguas, os turcos colocaram os dois peregrinos, assim mutilados, em cima de seus cavalos para serem conduzidos por guias, em tom de mofa, até o alto do monte. Em seguida, assim falou-lhes o capitão turco:
- Agora, se vos agrada, podereis continuar vossa peregrinação e assim teremos oportunidade de comprovar se vos serve para algo a vista daquele sepulcro. Vos dou minha palavra de que se renascerem em vossos corpos os membros que cortamos, coisa que considero impossível, eu me converterei para vossa religião sem duvidá-lo um momento.
O abade não conseguiu chegar ao cimo do monte, morrendo a caminho. O bispo, rezando e pedindo proteção à sua protetora, Santa Catarina, conseguiu que sua montaria o levasse até à entrada do sepulcro da santa. Lá deixado, ele rezou contritamente. Quando deu meia-noite um terremoto sacudiu as profundezas do monte. Cheios de terror, o capitão turco e seus soldados quiseram sair correndo dali, porém paralisados pelo medo não puderam mover-se de onde estavam.
Logo em seguida surgiu grande clarão que iluminou o monte e foi visto a quilômetros de distância. Enquanto isto, no alto do Sinai, Santa Catarina saía de sua tumba e se aproximava de seu devoto Dom Sabino, ungindo-lhe os olhos, a língua e todos os lugares de seu rosto que haviam sido mutilados. De imediato, o bispo viu-se completamente curado de suas mutilações, tendo de volta seus olhos e sua língua. Assim falou-lhe a santa:
- Quero que saibas que meu querido esposo Jesus Cristo está disposto a socorrer não só agora mas também no futuro a ti e a quantos veneram minha memória. Posto que, por amor a mim, perdeste a língua, com a qual só falavas teu próprio idioma, empresto-te a minha, que sabe expressar-se eloqüentemente em grego e latim. Comunico-te que as almas que vinham contigo já estão gozando no seio de Abraão da bem-aventurança. Digo-te mais: amanhã, quando celebrares a missa, ao terminar de ler o Evangelho toma um pouco de óleo que brota de meu sepulcro e unge com ele uma por uma todas as feridas que estão no corpo do abade. Depois, continua a celebração do santo sacrifício, e antes que chegues ao final o abade ressuscitará completamente são e com todos os membros de que foi despojado.
Ao amanhecer o dia seguinte, o capitão turco subiu o monte, entrou na igreja que guarda o corpo da santa, e, ao ver o bispo completamente são celebrando missa, com todos os membros recuperados, ficou estupefato. Mais ainda quando, acabada a leitura do Evangelho, testemunhou quando o bispo aproximou-se do cadáver do abade ali estendido no solo, ungiu-o e o fez ressuscitar inteiramente completo de seus membros corporais.
Ante semelhante milagre, o capitão turco e todos os seus soldados pediram para serem batizados. Este capitão, depois de tudo, renunciou ao mundo, vendeu todos os seus bens e mandou construir, por inspiração de Sabino, um mosteiro ao lado da igreja onde até hoje estão depositados os restos mortais de Santa Catarina, transportado para ali há mais de mil anos pelos próprios anjos.
São Sabino viveu ainda mais 10 anos depois do referido milagre, que nele era permanente. Quando lhe assistiam em seus últimos momentos e amortalhavam seu corpo já morto, verificaram estupefatos que em sua boca não havia língua alguma, daí se deduzindo que a língua que se tinha utilizado naqueles últimos dez anos não era a sua, mas a que Santa Catarina lhe emprestara.
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